segunda-feira, 20 de junho de 2011

Diário de uma ribeirinha ( I ) - A mulher, o ribeirinho e o saber

A falta de conhecimento sempre foi um agravante para o desenvolvimento em qualquer setor, esse fato aliado ao isolamento torna-se ainda mais difícil.

Os ribeirinhos como por aqui são chamados ficam longe do comércio, dos médicos, de tudo mais que é necessário, inclusive informação.

A comunidade de Santo Antônio do Viseu pertence ao município de Mocajuba, pra chegar lá só pelo rio, de barco a motor, voadeira,  “rabeta” ( uma espécie de canoa movida a motor) ou canoa.

A principal personagem dessa postagem é D. Dione, mulher amazônica, ribeirinha  como tantas, vive da natureza, além de mãe, dona de casa, "agro-extrativista",  doceira - é mestre no doce do cacau.
 D.Dione fazendo doce de cacau
  
Em conversa, D. Dione explicou que participou do I Seminário de cacau no município de Mocajuba realizado pelo IPSAA e CEPLAC em dezembro de 2010, ouviu atentamente as palestras onde registrou que um dos tratos é a realização de poda , chegando à casa mesmo contra a vontade do seu  marido Sr. Raimundinho realizou a poda em alguns "pés" de cacau.

 Cacaueiros no quintal da casa

Ela comenta com orgulho que um determinado pé de cacaueiro onde ela só colhia de 10 a 15 frutos já passou a colher 70, em um curto espaço de tempo e o mesmo se repetiu pra todos os pés de cacau que realizou a poda.

O fato é que depois desse feito seu marido passou a tomar a frente dos trabalhos como capina  na área e poda, inclusive passou a se interessar por novos treinamentos.

Todos os ribeirinhos conhecem a história do cacau nessas áreas, passada a eles pelos pais e avós, nessa época na região do baixo Tocantins é tempo de cacau...

Diante de tais fatos, vejo como é importante o papel da mulher ribeirinha no espaço rural, como o saber de certa forma conduz sua família.

  amendôas de cacau pra secar ao sol

Tive notícias que uma pequena revolução anda acontecendo na comunidade, as famílias estão se organizando em pequenos mutirões para cuidar dos cacuais... e o primeiro foi na casa da D. Dione e do Sr. Raimundinho.

O povo, ribeirinhos, Mocajubenses, brasileiros, são os que guardam há séculos uma parte da reserva da maior biodiversidade do planeta, nas ilhas de várzea, as quais ainda conservam muito da cobertura florestal original, é onde o cacau vem sendo cultivado pelos ribeirinhos há décadas, de forma tradicional á sombra de árvores nativas.

Um viva para os ribeirinhos!
 pra mulherada...
Parabéns pela iniciativa D.Dione.
(Encontrei ela (D.Dione) por indicação de uma conterrânea que anda causando revoluções por onde passa, mas sobre isso eu falo outro dia...)

Fotos: Trindade, MJS

Essa postagem é a primeira de uma série (uma/mês) chamada "Diário de uma ribeirinha" que pretendo fazer sobre o modo de vida dos ribeirinhos, a idéia é compartilhar a modo de vida desse povo.
Vida simples porém paradisíaca, cheia de natureza e alegria.

Aguardem!!!
 

2 comentários:

  1. Vou gostar de acompanhar a Série de Reportagens.Trabalho muito bom,Parabéns!

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  2. Oi Bruna.
    Estou organizando histórias interessantes dos ribeirinhos para divulgar por aí.

    Que bom que vc gostou.
    Obrigada.

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