sábado, 20 de agosto de 2011

Vidas na Amâzonia ... e o cuidar da floresta


Li a reportagem que aborda a vida do casal de ambientalista e fico imaginando quantos ainda sofrem ameaças ou são expulsos com ou sem vida de suas terras, da floresta.

Eles viviam da terra, mas quase não plantavam. Preferiam colher aquilo que caía das árvores. Conheça a história de José Claudio e Maria, o casal de castanheiros que ganhou fama mundial.

Rodeados de floresta
José e Maria viviam em uma casa confortável, com uma varanda espaçosa, e a cozinha deslocada em um ambiente externo - o que fazia com que Maria reclamasse a José por isso, e ele prometia que iria fazer uma cozinha melhor para os dois. Entre a casa e a floresta, havia um espaço de uma centena de metros com árvores frutíferas e uma pequena plantação de mandioca. O que era de muito orgulho para ambos.

Eles se apaixonaram em 1986. Ela, em outro casamento, tinha cinco filhos. Ele, um casal. Os dois eram da região. Tinham vivido na floresta quando jovens. Foram obrigados a ir para a cidade, atrás de empregos. E decidiram retornar para a vida que preferiam. Após uma década de luta, conseguiram, em 1997, junto de outras famílias, criar o assentamento. Não queriam uma reserva, mas ter autonomia nos lotes. E ter a floresta para dela extrair o sustento. Familiares e amigos vieram juntos - Laise Santos, irmã de Maria, é vizinha, assim como outros parentes, habitantes antigos da região. Juntos, adotaram Cláudio Ramon, que tem agora 15 anos e é o filho do casal. "Eu gosto muito da Majestade. Às vezes vou lá sozinho mesmo, meu pai me ensinou a caminhar na floresta", ele me disse, quando nos encontramos depois do funeral de José e Maria.

Conseguir uma área de floresta para nela viver era um sonho. Também, um desafio para a política da época. O sul do Pará é uma das regiões mais desmatadas de todo o bioma amazônico. Primeiro foi a indústria madeireira, que se aproveitou do mogno, a madeira mais valiosa do mundo e que ali dava em abundância. Depois veio a mineração, com a mina de ferro de Carajás, que começou a ser explorada pela Vale nos anos 1980. Junto dela, as usinas siderúrgicas, que produzem o ferro-gusa, um tipo de ferro primário, usado para a produção de aço, que é feito a partir do minério de ferro em altos-fornos que queimam carvão vegetal, em sua maioria oriundo de mata nativa.

Nesse tempo, para ter terra, eram incentivados pelo governo federal o desmatamento e a conversão da floresta em pasto. Isso produziu uma relação histórica entre o madeireiro, que tira a madeira, com o carvoeiro, que usa o resto da mata para produzir carvão, com o pecuarista, que quer a terra sem floresta para o pasto. Uma teia de poder econômico contra a qual os castanheiros, como José e Maria, se opunham.



Leia a reportagem na íntegra >>

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